A Associação terá no próximo dia 29 o convívio para festejar o 15º aniversário. Será no Pinhal da Paz. Deseja-se bom tempo, um dia fraterno e um espírito de compreensão do outro.
É algo que nos preocupa. Nesse sentido solicitámos ao Sr. Director Regional do Trabalho e Qualificação Profissional uma audiência, a que anuiu, no sentido de sensibilizar a sua Direcção para a problemática do cidadão surdo. Fomos ontem recebidos por uma assessora, de forma simpática, a quem expusemos as nossas preocupações (*).
E o que nos preocupa é que o insucesso escolar dos cidadãos surdos vai ter consequências, e muito graves, no acesso destes cidadãos ao mundo do trabalho. Sobre o insucesso escolar, já muito se disse aqui. Mesmo que se venham a melhorar as condições de ensino aos cidadãos surdos, há tempo perdido que afectou de forma dramática a vida de muitos. Muitos há que não conseguem ler, o que, desde logo, os limita na acessibilidade a um emprego. Nas faixas etárias abaixo dos 30 anos vão começar a surgir problemas graves. A Associação está a tentar que os cidadãos surdos ultrapassem as limitações do insucesso escolar. Nesse sentido fizemos uma campanha para voltarem à escola. O que já foi algum sucesso, pois resultou em matriculas. E outra campanha é sensibilizar os jovens, um a um, para o entusiasmo da aquisição de conhecimento. É tarefa difícil e exigente de paciência. E que requer sempre, mas sempre, a dedicação da intérprete da Associação.
Mas a Associação é muito pequena e frágil. Não pode fazer tudo sozinha. Nem se pode substituir aos organismos competentes. Só nos resta continuar a insistir para sensibilizar as autoridades competentes. E é uma luta contra o tempo.
Decorreu no passado dia 4 o encontro de alunos surdos da Ilha de S. Miguel. Se mais não fosse o evento valia, e muitíssimo, só pela constatação que as crianças se entusiasmaram imenso por terem mais crianças para conversar e conviver. Isolados em guetos de de 3 a 4 alunos por escola, este encontro permitiu, sem margem para dúvida, a percepção da realidade de uma comunidade surda. Até cidadãos adultos surdos vieram conversar. Tinham mais pessoas para conversar sem constrangimentos, ou seja, entendiam e eram entendidos. Foi o que todos entenderam. Foi um convívio agradável entre alunos, professores e técnicos. E Vila Franca do Campo estava acolhedora. Uma palavra de apreço para a equipa da escola de Vila Franca. Bem hajam pela iniciativa. Bem hajam todos os que tiverem iniciativas.
Conclusões
Data: 23/04/08
Colóquio:Práticas Pedagógicas Implementadas com os Surdos
1ª A inexistência de recursos especializados na área da deficiência auditiva:
- Técnicos Profissionais de Língua Gestual Portuguesa;
- Intérpretes de Língua Gestual Portuguesa;
- Terapeutas da Fala.
(Os concelhos mais distantes do centro da ilha de S. Miguel são os mais prejudicados, nomeadamente os da Povoação, e outros, localizados na ilha montanha, como por exemplo, o da Lajes do Pico);
2ª A dispersão dos Surdos pelos diferentes concelhos de S. Miguel contribui para a ausência de um sentimento de cultura surda (Comunidade Surda);
3ª Dada a dispersão acima referida, assiste-se a uma ausência de grupos de referência, permitindo que o atrás mencionado não se concretize;
4ª Constata-se alguma resistência por parte dos encarregados de educação relativamente à aprendizagem pelos seus educandos da L.G.P. ;
5ª A não realização de formação específica na área da deficiência auditiva, no domínio da educação de surdos, e o bilinguismo, contribui de certa forma para que não se ministre o ensino bilingue da forma mais adequada;
6ª A ausência de uma coordenação efectiva da educação especial por parte da tutela, contribui para que não se realize encontros entre todo o pessoal docente e não docente que trabalha com esta população, à semelhança de outros tempos.
Dadas as constatações referenciadas, pensou-se tentar ultrapassá-las com as seguintes estratégias:
- Promoção efectiva de trabalho em rede com todas as unidades orgânicas com alunos Surdos, de forma a rentabilizar-se alguns recursos humanos inexistentes em algumas escolas;
- Utilização de equipamento multimédia de forma a aproximar os surdos, contribuindo para que a Comunidade Surda venha a ganhar outra amplitude;
- Criação de um espaço onde os alunos surdos possam conviver semanalmente para que o sentimento de cultura surda passe a ser uma realidade;
- Envolvimento da Associação de Surdos da Ilha de S. Miguel nas questões da educação relacionadas com a população em causa, de forma que sejam parceiros activos junto da tutela e de determinados sectores da sociedade para a resolução dos mesmos;
- Promoção de encontros entre os docentes, e demais técnicos, que desenvolvam actividades com a população em causa;
- Implementação de formação específica para todos os docentes que estejam implicados directamente com os surdos, quer sejam do ensino regular, quer sejam do ensino especial;
- Celebração de “protocolos” com o Instituto Jacob Rodrigues Pereira da Casa Pia de Lisboa, de forma a estreitarem-se laços com os alunos surdos e outros técnicos;
- Sensibilização da tutela para o desenvolvimento de um projecto que vá ao encontro das necessidades concretas da população surda, (independentemente das escolas serem detentoras de autonomia), cuja intervenção se pautará por regular o normal funcionamento do sistema regional de educação.
Arrifes, 14 de Maio de 2008
O Secretário
Mário Jorge Oliveira Medeiros
Veja-se aqui o plano de actividades do STEDA, Serviço Técnico de Educação de Deficientes Auditivos, da Direcção Regional de Educação Especial, da Secretaria Regional da Educação da Madeira (esta estrutura não tem paralelo/não existe, nos Açores). Que já reservou para Setembro formação para técnicos e professores na área da surdez. Preparando o necessário para as novas regras.
AMIGOS
INTERESSE
FEDERAÇÃO PORTUGUESA DAS ASSOCIAÇÕES DE SURDOS
ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE SURDOS
Unidade de Apoio à Educação de Crianças e Jovens Surdos - Beja
EDUCAÇÃO
STEDA (MADEIRA) Serviço Técnico Educação Deficientes Auditivos